Caraterização do Concelho
Caraterização Ambiental | Caraterização Histórico-Cultural | Caraterização Sócio-Demográfica |
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O concelho de Santarém situa-se na margem direita do Tejo. Faz fronteira com os concelhos de Porto de Mós, Alcanena e Torres Novas, a Norte; a Sul, com os do Cartaxo e Almeirim; a Leste com os da Golegã, Chamusca e Alpiarça e a Oeste com os de Rio Maior e Azambuja. Insere-se na província ribatejana que é constituída na sua maior parte pelo distrito do qual a cidade de Santarém é a capital. O Ribatejo corresponde à bacia sedimentar do Tejo, estabelecendo a transição entre o Litoral e o Interior. Com uma área de 56.260 hectares, este concelho pode considerar-se de média dimensão à escala nacional. O seu comprimento máximo, medido entre o Covão dos Porcos (maciço de Porto de Mós) a Norte e a foz da Vala Travessa (no Tejo) a Sul, é de 31,6 quilómetros. A sua sede, elevada a cidade em 1868, é considerada a rainha do Ribatejo. É rica em património histórico-cultural e, mesmo a nível concelhio, se encontram várias e abundantes estruturas monumentais bem como vestígios da ocupação romana e árabe que atestam a riqueza histórica desta região. Santarém chegou a ter acesso direto ao mar através da navegabilidade do Tejo. Localizada sobre uma elevação, a sua situação geográfica e confere-lhe pontos de vista, para Norte e Nascente, de inegável beleza. Neste contexto destacam-se as Portas do Sol, autêntica varanda sobre o Tejo, ajardinada em 1895, com um miradouro feito na porta que se encontra na direção do sol levante.
No que diz respeito à atividade agroflorestal, o concelho insere-se na região do Ribatejo Oeste e dentro desta, na sub-região Vale do Tejo e Sorraia que denota características fisiográficas e sistemas agrícolas dominantes específicos. As plantas mediterrânicas como a Oliveira e a Figueira são aqui expressivas. O olival é extraordinariamente relevante encontrando-se em qualquer tipo de solo desde o vale do Tejo até à serra, assim como a vinha. A floresta, embora minoritária encontra-se no limite entre a serra e a peneplanície e é sobretudo composta por povoamentos puros ou mistos de Pinheiro-bravo e Eucalipto. Na zona meridional do concelho existem ainda alguns núcleos de Pinheiro-manso como, por exemplo, o da Quinta dos Anjos.
O CLIMA
A água infiltra-se muito rapidamente corroendo a massa rochosa em profundidade dando origem a grutas e a abundantes reservatórios subterrâneos que desembocam por vezes à superfície sob a forma de nascentes, como é o caso do Alviela nos Olhos de Água. A chuva cai fundamentalmente entre Outubro e Março. No que diz respeito à temperatura demarcam-se apenas duas zonas: uma, minoritária, mais fresca, nos prolongamentos ocidentais do concelho, que corresponderá eventualmente ao território sob maior influência do ar marítimo, outra, mais quente, abrangendo quase toda a área concelhia. Em relação à humidade relativa do ar podemos constatar que ela é moderadamente elevada em todo o concelho. Contudo pensamos ser de alguma relevância referir o fenómeno da precipitação de contacto (ou oculta) que resulta da interceção, por parte da vegetação ou mesmo pelas formas de relevo, da humidade atmosférica. A humidade é a responsável, sobretudo no estio, por um ambiente favorável na serra e pela manutenção de frescura nas camadas superficiais do solo. Por outro lado, no período mais frio do ano são frequentes os nevoeiros matinais nas baixas ou depressões topográficas. Acrescente-se ainda que os ventos são frequentes - como o atesta a grande quantidade de moinhos espalhados por todo o concelho - e predominantes do quadrante noroeste. Porém, os mais fortes sopram de Sul e correspondem a situações de temporal. in "Santarém. Um roteiro Natural do Concelho" (1996)
AS ZONAS NATURAIS Ao longo do concelho evidenciam-se diferenças que correspondem a tipos climáticos, pedológicos, topográficos e de intervenção humana (usos do solo) distintos. Em conformidade com esta situação consideram-se habitualmente quatro zonas naturais bem individualizadas, algumas das quais integrando diversas subzonas, a saber: o Campo, o Bairro, a Charneca e a Serra.
A Charneca localiza-se, em depressão, entre o Bairro e a Serra e, para alguns autores, ela apenas representa uma subzona daquele. Aqui se concentra a mancha florestal mais significativa do concelho composta por pinhais e eucaliptais, embora também ocorram a Oliveira, a Vinha e os matagais. É um território de solos mais ou menos pobres com natural aptidão silvícola.
in "Santarém. Um roteiro Natural do Concelho" (1996)
Em Portugal o revestimento florestal era constituído por formações arbóreas baixas. Os eucaliptos e os pinheiros são árvores altas, típicas da Austrália (eucaliptos) e Europa Central e do Norte (pinheiros), que têm a sua origem em plantações artificiais. Para percebermos a história das localidades temos que nos socorrer da toponímia. Terras conhecidas por Bairro, Charneca e Serra eram zonas de predominância de um carvalhal, mais ou menos denso e diversificado. A qualidade do substrato e o tipo de relevo, assim como a proximidade do maciço de Porto de Mós, são condicionantes para a concentração deste tipo de vegetação. A Serra apresentava um povoamento composto por três árvores principais: o medronheiro, a azinheira e o carvalho-cerquinho. O carvalho cerquinho (Quercus faginea) existe na Península Ibérica e em Marrocos e tem preferência por ambientes de elevada humidade atmosférica - é uma espécie higrófila. Sendo uma árvore semicaducifólia (ou marcescente), faz a transição entre as plantas mediterrânicas perenifólias (e.g. Sobreiro, Azinheira) e as de folha caduca da Europa. A Charneca e o Bairro, por seu turno, apresentavam em certos locais, em especial ácidos e arenosos ou cascalhentos, o Sobreiro que em determinadas situações deveria substituir a Azinheira. O pinheiro-manso teria lugar em solos mais xistosos e menos consolidados. A Lezíria era composta por pântanos, nomeadamente no vale do Alviela, no vale da ribeira da Asseca e no vale do Tejo. A Serra, no entanto, tem um ambiente próprio e é porventura a zona menos artificializada e menos povoada do concelho. Por isso e também por ser de constituição geológica particular, é rica do ponto de vista natural. Esta porção do território concelhio inclui-se no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros que é também um biótipo CORINE (O Projeto Biótopos identifica e caracteriza as áreas naturais mais relevantes à escala da União Europeia). Os atributos que levaram à sua qualificação como biótopo CORINE são o seu interesse botânico e zoológico gerais, a presença de espécies raras, vulneráveis e endémicas (e.g Narcissus calcicola - endemismo português considerado em perigo de extinção) e a sua importância geomorfológica. É nas herbáceas que mais se torna visível o descanso estival impulsionado pela secura. Esta origina uma nudez dos campos já que as plantas não lenhosas sobrevivem nesta altura sob a forma de sementes e bolbos. Também a Figueira e a Vinha, plantas cultivadas de folha caduca, imprimem um ritmo fisionómico à paisagem condicionado pelo aparecimento e queda das folhas. O Carvalho-cerquinho ocupa uma posição intermédia entre o tipo fisionómico das plantas sempre verdes e o das de folha caduca. No seio das espécies de folhas sempre verdes e coriáceas destacam-se contudo, dois tipos fisionómicos distintos em função da influência da floração na paisagem: o primeiro engloba árvores e arbustos que apresentam um aspeto praticamente sempre igual (e.g. pinheiros, Eucalipto, Oliveira, Azinheira, Sobreiro, Carrasco, Aroeira, Sanguinho-das-sebes; são espécies que conferem estabilidade fisionómica à paisagem embora, no caso do Sobreiro, por ocasião do descortiçamento - entre Junho e Agosto, o tronco e os ramos descascados façam surgir uma tonalidade cor de canela evidente (a maturação da azeitona também acarreta um certo ritmo fisionómico). O segundo tipo fisionómico agrupa plantas com flores de cores vivas (e.g. estevas, madressilvas, rosmaninhos, urzes, tojos), ou seja, que imprimem na paisagem um óbvio ritmo fisionómico (e.g. nos matagais). in "Santarém. Um roteiro Natural do Concelho" (1996)
AS ESPÉCIES Para o botânico João Amaral Franco, a área concelhia abrange três zonas fitogeográficas distintas, a saber: o Centro Sul Pliocénico - a que corresponde uma faixa mais ou menos larga que ladeia o Tejo; o Centro Sul Miocénico - abarcando parte do Bairro e a Charneca; o Centro Oeste Calcícola, correspondendo à Serra. Por influência quer do clima, quer do solo, nos terrenos calcários de entre Mondego e Tejo, as espécies mediterrânicas alcançam 56% do elenco florístico. Sabe-se que estes terrenos favorecem o desenvolvimento tanto daquelas espécies como das ibero-africanas. Como características dos solos calcários (calcícolas), podem referir-se entre outras as seguintes plantas. Flora Erva-do-homem-enforcado, Satirião-menor, Antirrhinum calycinum, Roselha-maior, Bons-dias, Trovisco-macho, Maios-amarelos, Alfazema-brava, Flor-dos-macaquinhos, Carrasco e Folhado. Espécies como o Tojo-arnal, a Queiró, a Silva e o Feto-ordinário, que ocorrem no concelho e que são originárias do Centro e Norte da Europa, penetraram em Portugal ao longo da costa através da Cantábria e da Galiza evitando o frio e a secura da Meseta Norte, Refira-se ainda um facto algo paradoxal que estranhámos e que se traduz na ocorrência, no concelho, de plantas calcífugas de que salientamos o Rosmaninho, o Tojo-molar, a Roselha, a Urze-das-vassouras e a Erva-montã. Segundo se pensa, a sua existência deverá confinar-se a zonas onde as abundantes quedas de chuva invernal lavam o solo, arrastando o cálcio assimilável. Como curiosidade gostaríamos também de mencionar a presença de árvores monumentais das quais algumas serão porventura das maiores e/ou das mais velhas da sua espécie na região. Temos então um Carvalho-cerquinho multisecular (Quinta da Centieira/Póvoa da Isenta) - que já em meados do século passado se considerava o maior do distrito, um Pinheiro-manso (Vale de Santarém), uma Azinheira (junto à E.N. 362 perto de Romeira) e um Sobreiro (próximo do vale da ribeira de Cabanas, em Azoia de Baixo). A Mata Mediterrânica Este biótopo é actualmente o mais próximo daquilo que era o coberto primitivo. Estruturalmente integra estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo bem desenvolvidos e diversificados e quase sempre apresenta uma densidade apreciável, sendo por vezes quase impenetrável. Desenvolve-se sobre solos orgânicos e pertence fundamentalmente à associação Quercetum-fagínea. Vamos encontrar este tipo de formação quer espalhada pelo Bairro e pela Charneca em pequenos núcleos e encostas declivosas com o Carvalho-cerquinho e o Sobreiro como árvores dominantes (e.,g.. Vale da Ribeira de Cabanas), quer na Serra ocupando fundos de encostas e vales, numa área mais ou menos extensa e polvilhada de afloramentos rochosos sendo aqui reinantes o Carvalho-cerquinho e a Azinheira (e.g. Vale da Trave). Este coberto é rico em plantas higrófilas (e.g. Carvalho-cerquinho), trepadoras (e.g. Hera, Madressilva-das-boticas, Raspa-língua, Salsaparrilha-bastarda, Norsa-preta) e em espécies que medram em ambientes ensombrados (e.g. Rosa-albardeira). Do cortejo florístico fazem ainda parte, entre outros, arbustos como o Folhado, a Giesta, o Aderno, o Medronheiro - que não raras vezes assume porte arbóreo, o Carrasco, o Pilriteiro, a Urze-branca, a Giesta-negral, diversas espécies de estevas (Cistus sp.) e ervas como as orquídeas Limodorum abortivum e Cephalanthera longifolia, as Bocas-de-lobo, a Erva-bicha, a Erva-da-novidade e o jacinto-dos-campos para apenas citarmos algumas. Do ponto de vista da fauna aqui encontram refúgio os mamíferos carnívoros como: as raposas, os texugos, ginetas e sacarrabos, diversas aves como: o Chapim-rabilongo, o Tentilhão-comum, o Pisco-de-peito-ruivo, o Rouxinol-comum, a Felosa-comum e a Carriça apresentam densidades apreciáveis. Os Matagais
Por sua vez, os carrascais degradados formam na maior parte dos casos povoamentos arbustivos e subarbustivos nos quais as espécies lenhosas apresentam estatura pequena e fraca densidade. São os carrascais que ocorrem na Serra, a maior altitude ou no Bairro e (charneca, em terrenos muito intervencionados. Estas formações, com uma componente herbácea importante, são autênticas garrigues onde o solo aparece frequentemente calvo ou coberto de rocha. Nelas surge com maior frequência a Tomilhinha e, na Serra, ocorrem espécies como a Salva-brava, a Alfazema-brava e Delphinium pentagynum. Determinados animais, de que são exemplo a lagartixa-do-mato-ibérica, a Toutinegra-de-cabeça-preta e a Felosa-do-mato, são característicos destas comunidades vegetais. Sob condições particulares, certos povoamentos arbustivos evidenciam uma fraca representatividade do Carrasco. Estamos a pensar em zonas antes ocupadas por pinhais e eucaliptais, de solos mais ácidos, dominadas pelas urzes, pelos tojos e pelas estevas ou, ainda, em certos povoamentos arbustivos da Serra nos quais a Azinheira é maioritária. Os Povoamentos Florestais
No pinhal também se desenvolve um sub-bosque bastante adulterado, contudo nele pode já ocorrer o Sobreiro, o Murtinho, o Medronheiro, as silvas e o Testículo-de-cão usual. Da fauna salientam-se aves como o Melro-preto, o Chamariz, a Trepadeira-comum, o verdilhão e o Cartaxo-comum. Na Primavera, o chapim-preto e o Papa-moscas-cinzento apenas existem em pinhal e assim este coberto vegetal assume um papel importante para estes dois passeriformes. A Gralha-preta utiliza pinhais e eucaliptais como zonas de refúgio e reprodução enquanto a Águia-cobreira constrói neles o seu ninho caçando nas zonas mais elevadas da Serra. Os Pomares de Sequeiro
Na época invernal, o olival suporta um elevado número de aves entre as quais se evidenciam os tordos que exploram um recurso abundante - a azeitona.
Fauna
Em contraste com esta situação ocorrem espécies mais especializadas, próprias de meios ambientes particulares ou pouco tolerantes à presença do homem, que se encontram na maior parte dos casos muito localizadas. É o caso do Tritão-de-ventre-laranja, dos rouxinóis-dos-caniços, da Laverca, da Petinha-dos-campos, da Alvéola-cinzenta, do Chapim-preto, da Lontra e dos morcegos, estes últimos acantonados em determinados locais rochosos (e.g. grutas, algares) onde possuem colónias de reprodução e/ou de hibernação. Algumas são mesmo bastante raras como a Águia-cobreira, a Águia-calçada, e a Gralha-de-bico-vermelho. Um pouco à semelhança do que se passa na flora, também na fauna encontramos um conjunto bastante expressivo de espécies de afinidades mediterrânicas ou que na Europa se confinam à área circum-mediterrânica. Destas destacamos a Salamandra-de-costelas-salientes, a Rela-meridional, a Osga-comum, a Cobra-de-ferradura, a Cobra-rateira, o Rouxinol-bravo, o Andorinhão-real, a Fuinha-dos-juncos, o Andorinha-dáurica, o Pardal-francês, a Toutinegra-de-cabeça-preta, a Toupeira, o Musaranho-anão-de-dentes-brancos, o Morcego-de-ferradura-mediterrânico e o Morcego-de-peluche. Se tivéssemos que escolher um animal e uma planta selvagens que fossem os mais representativos do concelho e que de alguma maneira ilustrassem um símbolo de resistência e de capacidade de sobrevivência perante a acção do homem e dos agentes naturais, não teríamos qualquer hesitação em apontar o Coelho - que se refugia principalmente nas matas e matagais, saindo ao anoitecer para se alimentar nos campos agrícolas e que está na base da intensa actividade cinegética de que o concelho é palco (cerca de 70% do concelho é abrangido por Zonas de Caça Associativa) - e o Carrasco. Se pensarmos agora nas plantas cultivadas então destacaríamos claramente aquela que foi conquistando terreno pela mão do homem e que actualmente se mantém como fazendo parte da cultura dominante - a Oliveira. Estas três espécies estão indissociavelmente ligadas à ecologia mediterrânica; por isso e ainda pelo que atrás já se referiu, o concelho está profundamente influenciado por este tipo de ambiente. Contudo, nele verificam-se diferenças por vezes assinaláveis, de zona para zona, que radicam na variada estrutura e composição do coberto vegetal e que originam diversos meios ecológicos os quais passamos seguidamente a abordar ainda que de forma breve. in "Santarém. Um roteiro Natural do Concelho" (1996)
Peixes
Escalo (Squalius pyrenaicus), endemismo Ibérico, em perigo, existente no rio Alviela, ribeira de Almoster, ribeira de Alcobertas e rio Tejo. Enguia (Anguilla anguilla), distribuição abrangente, mas com estatuto de protecção em perigo, pois está comercialmente ameaçada, capturada ilegalmente na fase larvar com redes de malha muito fina (espécie que na fase larvar “meixão”, efectua migrações do mar para os vários rios que coloniza). O bordalo (Squalius alburnoides), com estatuto vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal de 2005 e listado na Directiva Habitats no Anexo B-II. Existem registos históricos e testemunhos da prática de pesca ao sável (Alosa alosa) e saboga (Alosa fallax), no rio Alviela e rio Maior, no entanto as alterações ocorridas nestes cursos de água e a poluição provocaram o desaparecimento ou pelo menos a rarefacção destas duas espécies nos rios referidos, pelo que, actualmente apenas se registam capturas no rio Tejo, verificando-se ainda uma redução dos efectivos capturados, tendo o sável estatuto em perigo e a savelha vulnerável, e sendo ambas as espécies, migradoras e com morfologia e hábitos bastante semelhantes, as medidas para protecção destas espécies serão semelhantes (exemplo, manter o continuum fluvial, evitar a construção de açudes e outros obstáculos à sua migração…). A lampreia (Petromyzon marinus), outra espécie migradora, apresentava praticamente a mesma distribuição que o sável e a savelha. Neste momento, no concelho de Santarém, também só se registam capturas confirmadas no rio Tejo. Esta espécie tem estatuto de protecção vulnerável. O Bordalo (Squalius alburnoides), endemismo Ibérico, considerado vulnerável, existente no rio Alviela, ribeira de Almoster e rio Tejo. Outras espécies de peixes autóctones estão listadas na Directiva Habitats: Barbo comum (Barbus bocagei) – Anexo B-V, boga comum (Chondrostoma polylepis) – Anexo B-II e verdemã (Cobitis paludica) – Anexo B-II. Todas estas espécies estão listadas na Convenção de Berna no Anexo III, excepto a enguia. ![]() Foi recentemente identificada uma nova espécie a Chondrostoma olisiponensis, pelo que, ainda não tem nome comum nem estatuto de protecção, esta espécie apenas surge em dois cursos de água, o rio Trancão e no nosso concelho na ribeira de Almoster. Chondrostoma olisiponensis
Anfíbios
Tritão marmorado (Triturus marmoratus), sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes), sapo corredor (Bufo calamita), rela (Hyla arborea) e rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi) listados na Directiva Habitats no Anexo B-IV, sendo que esta última se encontra listada também no Anexo B-II e o tritão marmorado encontra-se listado na Convenção de Berna no Anexo III. Outras espécies são mais comuns, como as rãs verdes, os sapos comuns, as salamandras de pintas amarelas, no entanto também as suas populações têm tido decréscimos significativos, devido a vários factores: o aumento das redes viárias, onde ocorrem muitos atropelamentos de anfíbios, a poluição dos cursos de água e a predação por parte de uma espécie exótica que assumiu categoria de praga, o lagostim vermelho.
Répteis
Aves A avifauna apresenta importantes alterações ao longo do ciclo anual, em resultado dos movimentos migratórios de muitas espécies, sendo no entanto de realçar que, as zonas marginais dos rios, são áreas fulcrais durante o processo de migração, sendo locais por excelência de refúgio e alimentação. Existem ainda várias espécies de aves que dependem totalmente do meio aquático para a sua sobrevivência, designadamente várias espécies de garças, passeriformes, entre outras. No nosso concelho surgem algumas espécies com estatuto de protecção desfavorável, nomeadamente:
Flamingos e outras aves no Paúl das Salgadas - próximo de Casal do Paúl As aves constituem a componente faunística mais diversificada destes meios, ocorrendo espécies como o Rouxinol-comum, o Rouxinol-bravo, a Felosa-poliglota, a Carriça, a Toutinegra-de-barrete-preto, a Alvéola-cinzenta e mais comum a Alvéola-branca. Em locais onde a linha de água ladeia encostas com vegetação arbórea densa então aparecem também o Chapim-rabilongo, o Pisco-de-peito-ruivo e a Felosa-comum. Junto aos rios de maior caudal e zonas pantanosas, para além dos já referidos colhereiros e flamingos observáveis apenas durante alguns meses por ano em zonas muito localizadas e com pouca presença humana, existem espécies mais comuns como a Garça-branca, a Cegonha-branca, o Pato-real, a Galinha-d'água, o Milhafre-preto, os rouxinóis-dos-caniços, o Bico-de-lacre, os pintassilgos e até os Guarda-rios.
Mamíferos Toirão (Mustela putorius) e a lontra (Lutra lutra), listados na Convenção de Berna no Anexo III e Anexo II, respectivamente, presentes em vários cursos de água do concelho. As lontras são dificilmente observáveis, pois assumem quase sempre comportamentos nocturnos, no entanto deixam indícios de presença, facilmente detectáveis nos locais mais frequentados por estes animais, já que os seus dejectos são uma massa compactada de escamas e cascas de lagostins, também as suas pegadas são passíveis de ser observadas, mas são mais difíceis de distinguir de outros mamíferos. Indício de presença de lontra
RECURSOS HÍDRICOS O Tejo surge indiscutivelmente como o mais importante curso de água. Para além de uma extensa rede de canais e valas para rega e drenagem que nele desaguam, na sua margem direita lançam-se diversos outros rios e ribeiros de regime mais ou menos torrencial, alimentados fundamentalmente pelo maciço de Porto de Mós. De entre eles destacam-se, como mais importantes, o rio Alviela, o rio Maior (ou ribeira da Asseca, no troço concelhio), com os seus afluentes ribeira de Almoster e ribeira de Alcobertas, e a ribeira de Stº. António. Estes, por sua vez, possuem outros pequenos afluentes. Em anos normais, os principais cursos de água conduzem água permanentemente embora o seu caudal seja significativamente variável. A utilização predominante de toda esta água já foi na cultura do arroz embora actualmente sirva outro tipo de culturas de regadio. Os Cursos de Água Os vários cursos de água do concelho albergam uma fauna bastante rica, sendo áreas relevantes para a sobrevivência de várias espécies com estatuto de protecção, apresentam-se de seguida as mais relevantes:
Atlas da água – INAG (Recursos hídricos do concelho):
Para mais informações sobre os cursos de água do concelho consultar:
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Caraterização Histórico-Cultural |
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Pré-História e Mundo Antigo (século X a. C. - V d. C.) As teorias tardo-renascentistas que associam a fundação de Santarém ao nome do fundador mítico de Tartessos (o herói Habis) são inaceitáveis à luz dos conhecimentos actuais. A arqueologia demonstra-nos que a primeira “estrutura urbana” do povoado remonta ao Bronze final. A população de Moron, culturalmente identificada com as civilizações mediterrâneas, foi subjugada pelos colonizadores romanos quando estes tomaram o castro, ficando este acontecimento inscrito para sempre na história local. Desconhecendo o significado da(s) palavra(s) indígena(s) Sqlab, os escritores romanos interpretaram-na como um topónimo e latinizaram-na sob a forma de Scallabis. Por este nome a cidade viria a ser conhecida durante todo o Mundo Antigo, quer nas fontes escritas, quer epigráficas. De um entreposto comercial no Tejo médio, Scallabis adquiriu o estatuto de uma colónia cesariana nos finais do séc. I a.C., transformando-se rapidamente, pela sua localização geográfica, num importante centro administrativo. A partir do século III d.C. a colónia romana de Scallabis retrai-se, face à importância crescente de Olissipo (Lisboa). Por essa altura o Cristianismo propagou-se no seu território, dando provavelmente origem a um pequeno bispado, constituído por altura da divisão do Império por Constantino.
Período Medieval (séculos V-XV) A tomada de Santarém por Sunerico, em 460, dita o fim da dominação romana, abrindo caminho para a inclusão da cidade no reino visigodo, com capital em Toulouse. É admissível que a civitas hispano-romana tenha mantido uma relativa autonomia, quer política, quer religiosa. Os quatro séculos de ocupação islâmica (sécs. VIII-XII) fizeram renascer o papel estratégico-militar e económico do lugar. Desta nova realidade beneficiaram os monarcas portugueses, desde a conquista definitiva por Afonso Henriques, em 15 de Março de 1147. A importância de Santarém desde o século XII documenta-se por inúmeros privilégios que constam nos seus forais e reflecte-se nos seus quinze e mosteiros e cerca de quarenta ermidas, dois paços realengos e vários palácios e solares da melhor nobreza do reino, distribuídos pelas suas quinze paróquias urbanas. O seu número e relevância testemunham uma opulência artística e cultural sui generis à escala do território português, ombreando com importantes metrópoles europeias. A centúria de Quatrocentos marca o auge da vila de Santarém. Com D. João I e a "ínclita geração" foram preparadas com grande sigilo, no Paço Real da Porta de Leiria, as expedições a Ceuta e a Tânger. Porém, a morte do infante D. Afonso, em Alfange (1491), como que anuncia um longo período de estagnação.
Período Moderno (séculos XV-XVIII) Num contexto em que Lisboa reforçava o seu papel de verdadeira capital e centro da nação, a Santarém quinhentista vai assumir-se como pólo regional a nível económico e cultural. O apoio local dado a D. António, prior do Crato, na sucessão do trono de Portugal, implicou algumas represálias por parte de Filipe II de Espanha, tendo o monarca castelhano desembarcado na Ribeira de Santarém em 1581. Não obstante os sinais de descontentamento face ao domínio estrangeiro, a vila é ainda visitada por Filipe III de Espanha, em 1619. Por volta do segundo quartel de Seiscentos notam-se grandes inquietações na vida da urbe, indiciadoras de um sentimento de revolta popular: há notícia de motins em 1629, 1636 e 1637. A insegurança social e o agravamento da situação económica que estão na origem da Restauração da monarquia portuguesa, em 1 de Dezembro de 1640, tiveram junto aos paços do concelho um importante episódio: Fernão Teles de Menezes, 1º conde de Unhão, lidera os conjurados e procede à aclamação de D. João IV como Rei de Portugal. A acção deste nobre, descendente de Vasco da Gama, marcou de resto toda a história da urbe da 2ª metade do século XVII, tendo este período ficado conhecido, na história local, como "século do Conde de Unhão". Sob os auspícios da monarquia brigantina uma nova cidade vai nascer, influenciada pelas ideias do catolicismo tridentino, pelas correntes estéticas do maneirismo e pelas iniciativas públicas do Conde de Unhão. Em consequência deste renascimento, edificam-se novos edifícios religiosos, dá-se um importante surto de ressurgimento de confrarias e a estratificação social atinge o seu auge.
Período Contemporâneo (séculos XVIII-XX) O terramoto de 1755 e os conflitos armados em que Portugal se envolveu no século XVIII acabaram por reflectir-se na estrutura de uma povoação que respirava ainda muitas das características da sua vivência medieval. O envelhecimento das muralhas, a inexistência de locais de aquartelamento e de cavalariças e de modernos espaços de assistência obrigou a um esforço notável de adaptação. Durante o século XIX Santarém veste-se de roupagens românticas. Em 1868 a vila adquire o estatuto de cidade e esta nova categoria implicou a modernização do seu território, traduzida a nível das infraestruturas básicas e dos equipamentos lúdico-culturais. Novas elites sociais, de pensamento anti-clerical e progressista, marcavam a cidade e as suas influências. Exigia-se uma ‘cidade aberta’ e sob este pretexto o camartelo municipal passaria a sacrificar ao progresso vários edifícios que haviam resistido à fúria dos exércitos napoleónicos.
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Caraterização Sócio-Demográfica |
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O concelho de Santarém, parte integrante da NUTII da Lezíria do Tejo, registava à data do XV Recenseamento Geral da População e V Recenseamento Geral da Habitação / 2011 um total de 62200 indivíduos residentes. Este valor representa um decréscimo populacional de 1363 indivíduos, relativamente ao momento censitário de 2001. Em 2011, 47% da população residente no concelho era do sexo masculino e 53% do sexo feminino.
Q1- População residente em 2001 e 2011, no concelho, por grupo etário e taxa de variação
Fonte: INE, Censos 2011
Em termos das freguesias, a partir da análise isolada de cada uma, aquelas que registavam, em 2011, o maior número de população residente eram: - S. Salvador (10513 habitantes) – União das Freguesias de Santarém - S. Nicolau (9627 habitantes) – União das Freguesias de Santarém - Marvila (9044 habitantes) – União das Freguesias de Santarém - Alcanede (4547 habitantes) - Vale de Santarém (2920 habitantes)
No extremo oposto estão as freguesias que registavam o menor número de população residente: - Vaqueiros (285 habitantes) – União de Freguesias de Casével e Vaqueiros - Azoia de Baixo (297 habitantes) – União de Freguesias de Achete, Azoia de Baixo e - Azoia de Cima (496 habitantes) – União de Freguesias de Azoia de Cima e Tremês
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Para mais informações consulte:
Ficha do Concelho de Santarém.
Investir em Santarém - Caraterização do Concelho.